28 de mar. de 2010

Espiando


Espio da janela,
o pássaro me espia,
o gato espia o pássaro.
O cão vadio espia o andarilho
que não vê o gato...
que não é visto pelo pássaro,
que não me vê,
que o vejo da janela do tempo de espera,
onde minha alma vestida de saudades, espiando,
espera o calor do sol
que faz a flor que se abre enfeitar a terra,
que executa a musica do mar embalando meu espírito
e no anoitecer, quando chegar a luz prateada de qualquer lua,
ser insensível a lágrima repentina que me turva a visão.

De esperar a janela não fecha mais...
O pássaro voou cantando,
o gato dormiu roncando,
o cão barulhento se calou
quando o andarilho passou...

O silencio da vida abraçou o tempo e se foram...
Da janela, continuo espiando.
(Fátima - 28.03.2010)

13 de mar. de 2010

Publicado no Diarinho - 12.03.2010


Falta jogo de cintura pros comerciantes de Navega

“Há algum tempo me contaram uma história que até hoje não sei ser verdadeira ou é apenas uma lenda. Havia, no interior, um pai de família bastante pobre e até então humilde, que mal conseguia se sustentar e sustentar sua família. Por isso vivia da ajuda de pessoas bondosas. Vizinhos, para não o humilhar, então, sugeriram que passasse a vender em sua casa lenha retirada do mato e quem sabe querosene para seus lampiões. O tal homem, que achou boa a ideia, passou a comercializar tais produtos. Os vizinhos, solidários, compravam para estimulá-lo. Passado alguns meses, já com uma pequena freguesia, quando era procurado ‘fora do seu horário comercial’, gritava para o cliente do interior de sua casa: “Que espere, quando eu era pobre também esperava”.
Definitivamente, saber vender é uma arte. Acredito nisso. Acredito, contudo, que quem se propõe a comercializar sua habilidade, seu produto, tem como perspectiva crescer no mercado, tornar-se conhecido, obter lucros, cativar compradores.
Após algum tempo residindo em Navegantes, constato que a grande maioria dos comerciantes deixa e ou obriga seus clientes a fugirem por entre os dedos. Aqui, o cliente normalmente não é o maior potencial do comércio proposto.
Não sou da área, mas o que observo e vivi em diversas oportunidades - e também soube de outras situações semelhantes - é que na cidade o freguês parece não ter a importância que a arte da venda do produto requer e se vê obrigado a buscar em outras praças a mercadoria que deseja ou a prestação de serviços.
Raríssimos são os comerciantes navegantinos que primam pelo atendimento daqueles fregueses residentes/moradores/nativos desta cidade. Muitos parecem fazer o possível para que sejam atendidos por seus concorrentes das cidades vizinhas, pois sequer sabem dizer de forma agradável o ‘não tem’, ‘não dispomos no momento’, ‘estamos sem condições de lhe atender agora’. Sequer sabem deixar o cliente preso a uma resposta educada que lhe faça ter a paciência de aguardar outra oportunidade para ser atendido, em vez de buscar o que almeja em cidades vizinhas.
Sabemos que existem cursos que orientam, técnicas que ensinam o caminho para bons negócios. É tempo de buscar estes meios e inovar de alguma forma o comercio navegantino, terra que pode ter orgulho de dizer que tem modernidade instalada em grandes empresas. É tempo de se tomar uma atitude, quer na prática de bons atendimentos, quer na prática do melhor preço, quer também no rodízio de atendimento dos comércios tidos como essenciais (que não existe). Quero, como tantas outras pessoas, viver e prestigiar o comércio daqui, e Navegantes quer e precisa crescer. Para isso também precisa contar com seus comerciantes/empresários e cativar seus moradores. Isso é fundamental.”
Ass: Maria de Fátima de Souza Ignácio
(Transcrito ipsis litteris)

10 de mar. de 2010

Sou verdade.


Sou verdade,
quando amanhece na janela que se abre para o horizonte
e não te avisto, me entristecendo...
Sou verdade,
quando tua voz ocupa a minha mente que escuta tua boca falar de amor
e meu coração insiste em te encontrar.
Sou verdade, quando a saudade me faz saber do sabor da lágrima
que a distancia joga no meu rosto...
Sou verdade, quando a gargalhada do hilário ecoa e te alcança.
Sou verdade, que tem nojo do acordar
que traz a realidade que machuca.
Sou a verdade das mentiras dos dias vividos...
Sou verdade que todo novo dia te busca para sempre.
(Fátima - 10.03.2010)

Memórias - Goiaba do vizinho


Enquanto brinco de cozinheira, relembro momentos que hoje provocam risos e são contados em diversas ocasiões... volto no tempo...
O terreno ao lado da Casa Branca da Rua Felipe Schmidt, como carinhosamente chamávamos a moradia dos meus tios, pertencia ao Colégio Salesiano e nele, junto ao muro que marcava seus respectivos limites, diversas goiabeiras expunham seus frutos maduros e apetitosos, alvo de tentações por parte da gurizada que ali tinha alguma forma de acesso e claro que eu fazia parte desta turma.
Um domingo, após ter passado a tarde anterior saboreando com outras crianças diversas daquelas frutas, decidi que tinha que cumprir minhas obrigações religiosas e confessar tal pecado conforme orientações recém recebidas na catequese e o dialogo em sussurro que se transcorreu foi mais ou menos o seguinte:
“- Padre, furtei goiaba do vizinho...
- Do vizinho do lado de cá, ou do lado de lá, me perguntou o religioso sizudo.
- Do lado de cá, respondi sem qualquer maldade e rapidinho ouvi o mesmo dizer.
- Então, não furte mais goiabas, pois o vizinho estava na janela e o vizinho viu...”
Inocente, achei o máximo ter sido perdoada daquela falta grave. Com muito fervor atendi a penitencia que me foi imposta e depois comunguei. De volta em casa, feliz e em paz com o Criador, contei com detalhes minha confissão, não entendendo as gargalhadas que provoquei, só percebendo, muito tempo depois, que meu confessor e também vizinho, rigoroso Pe. Zeno, a tudo tinha presenciado...(Fátima - 01.03.2010)