26 de set. de 2011

Rua 11 de Junho - Agora mora a Saudade.

Hoje eu senti saudades. Saudades da Rua 11 de Junho, rua de chão batido, sem qualquer pavimentação, quando o tempo, que parecia nos incomodar chegava ao anoitecer e encerrava nossas atividades de crianças que ao som de risos jogados ao vento, vivíamos, Denise, Marisa e eu. Beto, Claudio... Nos permitíamos a liberdade de ser e viver. Sem compromissos...
Hoje, eu procurei na Rua 11 de Junho o caminho que nos levava ao antigo Salão do Fazenda que tinha como companheiro um pé de eucalipto enorme. Avistei as portas da Venda do Silvestre, que tinha farinha gostosa entre outras mercadorias.
Encontrei no céu, as pipas artísticas que Tico fazia com habilidade e paciência e que enfeitavam o azul do céu que nos protegia em todos os momentos.
Hoje, cheia de saudades reencontrei entre os sentimentos que surgiram, o pequeno portão da casa da Benta, onde brincávamos de “vendinha” e esbanjávamos petulância vendendo goiabas do quintal e balas que buscávamos na venda do dono da casa, Silvestre.
Continuando a caminhada de lembranças, descansei na sombra do chorão, vi o peixinho vermelho nadando satisfeito no pequeno tanque. A parreira de uvas moscatel e o monte de lenha ao lado do rancho que nos oferecia muito mais mistérios do que os que imaginávamos.
Ouvi as gargalhadas e conversas de tios e tias. Entrei na casa e revivi peça por peça. Fiz um carinho na Kátia...Sentei junto a mesa da cozinha. Bebi do café. Entrei nos quartos e fui até a sala que raramente nós crianças, freqüentávamos. Senti o perfume de amizade verdadeira.
Não restaram fotos comigo, mas eu senti saudades deste tempo vestido de felicidade, quando nossos caminhos se encontravam. Quando viver era o que mais importava e as despedidas eram apenas um até logo. Saudades não tinha espaço.(Fátima - 26.09.2011)