Das ruas da cidade
As ruas da
minha infância, não tinham calçadas nem eram calçadas...
Nas ruas da
minha infância ficavam pegadas do homem, do bicho...
de mulheres, de crianças... do tempo.
até olho d'água nascia da terra...
Nas poças da chuva refletia o meu céu.
Naquelas ruas, também encontrávamos esculturas da lama das enchentes,
No encontro da terra com o rio, eu sentia cheiro de liberdade...
Tinha beleza no horizonte distante, tinha cheiro de mistérios.
Sombras de
figueiras resistentes, agua fresca de poço profundo.
Caminhos de
casas de fazenda, outros caminhos de gado.
Tinha pegadas
de tudo e todos. Rastros de vidas... de
mortes.
Aquelas ruas e só nelas eu vivia sonhos e a dor de tudo o que ficava no passado.
Era possível se ouvir o riso dos que partiram, o choro do coração que sentiu a distancia.
Ouvido também era o chamado da
mãe preocupada e os passos do pai que retornava,
Cumprimento do
compadre, saudação carinhosa da comadre.
Naquelas
ruas, sempre o vento me envolvia, me enfeitiçava, me transformava...
Naqueles
caminhos, ficaram também minhas pegadas buscando uma historia interrompida.
Pedaço de vida que nunca reencontrei.
(Fátima - 29.12.2016)