E na lembrança, do tempo que passou...
Ainda sinto o cheiro da marcela colhida ao
amanhecer da Sexta Santa, que
penduradas em pregos enferrujados, secava nas
paredes da casa, do rancho...
pregos que também recebiam o milho da
colheita.
Nos ouvidos da minha memória resgato a sonoridade
da batida ritmada da batedeira de manteiga.
Ou quem sabe, do velho pilão com café...
No olhar perdido revejo jaqueiras carregadas e
goiabeiras faceiras e não tem como esquecer o sabor das doces e cobiçadas
laranjeiras.
Não eram longínquos, nem tortuosos os caminhos
que alcançavam os sonhos de qualquer infância,
porque aquela casa, ainda que cheia de
mistérios,
era o único lugar talvez que a vida parecia ser
absolutamente intensa.
E assim era a alma da minha infância, repleta
de todos os sentidos dentro do meu corpo então miúdo.
Impossível esquecer comadre Maria e o seu
benzimento com fé...
Impossível esquecer a voz que rezava e
abençoava...
(Fátima, 2015)
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