6 de mar. de 2016

Casa da comadre

E na lembrança, do tempo que passou...
Ainda sinto o cheiro da marcela colhida ao amanhecer da Sexta Santa, que  
penduradas em pregos enferrujados, secava nas paredes da casa, do rancho...
pregos que também recebiam o milho da colheita. 

Nos ouvidos da minha memória resgato a sonoridade da batida ritmada da batedeira de manteiga. 
Ou quem sabe, do velho pilão com café...

No olhar perdido revejo jaqueiras carregadas e goiabeiras faceiras e não tem como esquecer o sabor das doces e cobiçadas laranjeiras. 

Não eram longínquos, nem tortuosos os caminhos que alcançavam os sonhos de qualquer infância, 
porque aquela casa, ainda que cheia de mistérios, 
era o único lugar talvez que a vida parecia ser absolutamente intensa. 

E assim era a alma da minha infância, repleta de todos os sentidos dentro do meu corpo então miúdo.

Impossível esquecer comadre Maria e o seu benzimento com fé...
Impossível esquecer a voz que rezava e abençoava...
(Foto FB Eloisa Perini.
Impossível não sentir saudades do que o tempo levou quando passou...
(Fátima, 2015)



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