Há dias, que dependendo do que ficamos sabendo, é melhor calar.
Há dias, que o cinismo se dá ao luxo de invadir almas com vazios...
Há dias que os vampiros emocionais se vestem de anjos...
e encantam tanto quanto cantam seus hinos de amor...
Há dias e pessoas que ainda entenderão.
(Fátima, 29/03/2016)
30 de mar. de 2016
16 de mar. de 2016
Minha mãe
Cedo lembrei do aniversário dela. Lembrei do ritual que vivíamos
nestes dias. Se fosse num dia de semana, ela já teria recebido os parabéns pelo
aniversário e meu pai, já teria também servido ainda na cama o primeiro
cafezinho do dia... E mas, se dia 17 fosse num final de semana, mais
precisamente num sábado, seria muito
muito festivo... eu ficaria ansiosa e
faria o impossível para não mudar os acontecimentos... os tempos eram outros.
Hoje acredito que sempre fazia um dia lindo, penso que
sempre tinha sol... E, inúmeras vezes, eu me sentava no banco do caramanchão de
rosas que tinha na frente de casa. Esperando. Por pouco tempo...eu corria para dentro de casa... eu ficava
extremamente agitada. Ela, cheia de paciência, com o mesmo olhar que sempre me
amor, me abraçava e afirmava com sabedoria que tinha, que o tempo era assim
mesmo... lento quando precisávamos dele.
Enquanto esperávamos, meu pai preparava a embalagem do saco
de farinha de mandioca, novinha, que
tinha comprado para levarmos... ao lado, ficava o saco de laranja açúcar, recém
apanhada do pé, que ficava atrás da oficina... ela atendia a visita rápida das
vizinhas e amigas que a cumprimentavam...
E quando eu menos esperava, surgia na curva a rural verde.
Ela a alegria chegando. Hermano dirigindo, Yvette ao lado, Claudia, Léo e Maninho
no banco traseiro. Lembro dos seus olhares e dos seus sorrisos... éramos cheios
de cumplicidade... A nossa festa
começava.
Enquanto minha mãe e meu pai recebiam todo o carinho deles,
nós quatro, com toda a energia do mundo corríamos vivendo a liberdade que
tínhamos... Eu tinha muito orgulho de dividir todo meu espaço...
O café era servido e o pãozinho tinha por companhia a tradicional
bananinha frita. E depois, depois rumávamos todos para Itajaí, e passávamos o final de
semana alí... e festejávamos com todos...
Tenho certeza que era o melhor presente que minha mãe
recebia. Ficar junto com suas irmãs... Viver a família da qual amava e muito se
orgulhava...
Tenho agora, momentos semelhantes com Yvette e Hermano. Com
a Léo e com a Claudia e guardo com carinho a amizade especial que tive com o
Maninho.
Hoje, aqui, não vai ter festa. Há muito tempo, ela partiu. Acredito
que, neste dia, em algum lugar no céu a nossa, a minha Nega Zélia, está comemorando. Ela pode. Yvette, Hermano,
hoje nós ficamos só com a saudade.
(Fatima, 17/03/2016)
6 de mar. de 2016
Casa da comadre
E na lembrança, do tempo que passou...
Ainda sinto o cheiro da marcela colhida ao
amanhecer da Sexta Santa, que
penduradas em pregos enferrujados, secava nas
paredes da casa, do rancho...
pregos que também recebiam o milho da
colheita.
Nos ouvidos da minha memória resgato a sonoridade
da batida ritmada da batedeira de manteiga.
Ou quem sabe, do velho pilão com café...
No olhar perdido revejo jaqueiras carregadas e
goiabeiras faceiras e não tem como esquecer o sabor das doces e cobiçadas
laranjeiras.
Não eram longínquos, nem tortuosos os caminhos
que alcançavam os sonhos de qualquer infância,
porque aquela casa, ainda que cheia de
mistérios,
era o único lugar talvez que a vida parecia ser
absolutamente intensa.
E assim era a alma da minha infância, repleta
de todos os sentidos dentro do meu corpo então miúdo.
Impossível esquecer comadre Maria e o seu
benzimento com fé...
Impossível esquecer a voz que rezava e
abençoava...
(Fátima, 2015)
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Ecos
Encharco o meu corpo com o barulho da chuva,
Com o vento frio,
perco o que resta do equilibro que finjo manter na alma.
O silencio da noite cria ecos das batidas do meu coração...
Perdi a oportunidade que a lua me deu quando antes iluminava meus
caminhos...
(Fátima, 2015)
É a gostosa loucura dos sentimentos que me embala a vida,
me segue,
mexe com a minha alma,
e me faz dar gargalhadas de tudo que vivo,
por mais estranho que pareça.
(Fátima, 16/07/10).
me segue,
mexe com a minha alma,
e me faz dar gargalhadas de tudo que vivo,
por mais estranho que pareça.
(Fátima, 16/07/10).
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